Controlo Parental: Eficaz ou uma ilusão?

Hoje em dia as crianças criam laços com a tecnologia muito depressa após terem acesso à mesma. Numa era em que elas tocam no primeiro smartphone ou tablet em tenra idade e crescem acompanhados pela internet, algo que muitos dos pais não viveram aquando do seu crescimento, impera uma necessidade de controlo perante a exposição à tecnologia e à internet, pois uma utilização errada poderá trazer repercussões graves. Ao crescer, os pais viveram com um possível controlo parental no que diz respeito à televisão ou primeiros passos da internet aberta a todos, porém, hoje em dia as opções são bem mais alargadas. Para além disto, existe uma nova era de tecnologia em termos de brinquedos e jogos que simplesmente não existia no seu tempo. Em que áreas deverá operar o controlo parental, então?

 

 

O seu educando terá que ser ensinado a equilibrar a sua vida desde pequeno, e cabe a si o papel de regulamentar o papel da internet e do acesso à tecnologia. Um bloqueio de determinados conteúdos não é, de todo, o suficiente para controlar a interação da criança com o mundo da tecnologia e da internet. Referimo-nos aos casos em que, mesmo havendo um filtro em casa, existem outros canais que o seu filho poderá utilizar para aceder a conteúdo que em casa não é permitido. Os seus colegas poderão não ter o mesmo filtro, os computadores na escola poderão estar abertos a uma exploração de temas a que não podem aceder em casa e o conteúdo viral – ou da moda – poderá chegar ao seu educando longe dos seus olhos. É, portanto, essencial que se crie uma conversa aberta em casa sobre a internet, sobre consolas, jogos que poderão não ser adequados para a faixa etária do seu filho, ou para o caso particular da criança em si.

 

A limitação do tempo de acesso é também relevante, para que exista um equilíbrio entre todas as componentes da vida do seu educando. Existem outros campos que deverão ter prioridade sobre o lazer, como os estudos e tarefas de casa, jamais esquecendo a permissão para a sua criança ser criança, mas por vezes torna-se complicado gerir todo o conteúdo a que o seu filho é exposto. Voltemos atrás. As crianças sentem-se tentadas a ter acesso a jogos, sites, plataformas que não são adequadas para a sua idade. Afinal, o fruto proibido é o mais apetecido. O controlo afastado através de filtros, como a criação de contas familiares controladas, disponível, por exemplo através dos sistemas operativos mais recentes da Microsoft ou de apps que podem ser instaladas nos smartphones e tablets, não é suficiente, pelo que os pais deverão tomar nas suas mãos o dever de conversar com os seus filhos sobre o que poderá ser acedido e um controlo do histórico de acesso dos seus filhos, de acordo com a idade dos mesmos, claro. O tempo de utilização pode ser controlado através dos filtros, no entanto.

 

 

Por vezes até um conteúdo que poderá ser tomado como inocente poderá tornar-se nocivo. Veja-se o caso dos vídeos no YouTube, em que uma criança poderá estar a ver um vídeo apropriado para a sua idade, mas através de alguns cliques, esta poderá ir parar a um outro que não deveria chegar aos seus olhos. Os encarregados de educação deverão estar atentos tanto a isto quanto aos jogos que os seus filhos jogam, e permitir que estes possam conversar abertamente sobre o que estão a visualizar. Há que alertar as crianças para os perigos da internet, não só em proteção da infância, mas da criança também. Um simples “não converses com estranhos” não é o suficiente. A violência, o desrespeito e desafios perigosos, bem como temas adultos, estão sempre a uma pesquisa de distância, especialmente quando a criança já teve conhecimento da existência dos mesmos através de amigos ou colegas. Convém, portanto, conversar com ela para que esta perceba a importância de não aceder a estes conteúdos e saiba que pode aproximar-se dos seus pais quando houver algum problema. Com isto queremos dizer que o controlo parental, por muito apertado que seja, pode não ser o suficiente, há que ensinar as crianças a controlar o que veem elas mesmas, com um sentido de responsabilidade, a partir de certa idade.

 

Digamos, então, que o controlo parental poderá parecer suficiente, mas é virtualmente impossível que os encarregados de educação tenham total controlo perante a utilização das tecnologias pelos seus educandos. Há, portanto, que chegar aos mesmos através de alertas e de comunicação para o que podem e o uso que não devem dar aos seus smartphones, tablets, consolas e computadores, bem como ao que poderá chegar através de outros meios. Há que fazer com que a criança entenda que existem assuntos, jogos, sites, vídeos, imagens que não são adequados para si para que esta, por si, se mantenha à margem dos mesmos. A responsabilidade do controlo torna-se uma tarefa familiar e não apenas dos pais.

 

Deste modo, poderemos concluir que o controlo parental poderá ser uma ilusão na medida em que o que está fora das regras em casa poderá ser acedido de outras formas, e por muito que os pais estejam presentes no controlo do acesso, poderão haver situações preocupantes. A criança deverá ser educada para que ela mesma se afaste de conteúdos impróprios e exposição aos mesmos, mesmo que se encontre curiosa. Nestes casos, e no caso de exposição, deverá dirigir-se aos seus encarregados de educação para apoio e explicação. Lembre-se que uma conversa simples poderá fazer uma criança compreender o porquê das coisas e aceitar melhor do que uma simples proibição ou controlo parental “automático”.